Idade acima de 60 de idade não é contraindicação para receber a vacina contra febre amarela (VFA). No entanto, algumas situações e indivíduos têm sido identificados como de maior risco para eventos adversos graves após a vacinação, sendo pessoas com doenças autoimunes independentemente da idade e a primovacinação (primeira vacinação contra a febre amarela) em idosos. (1,2) Neste último caso, se justifica a vacinação se residir em área de risco ou para lá se dirigir.(2 )Em tais situações, a vacinação requer avaliação médica e análise cuidadosa de risco versus benefício.O evento adverso mais grave na pessoa idosa é a doença viscerotrópica que é a disseminação do vírus vacinal para diversos órgãos, com choque, derrame pleural e abdominal e falência múltipla dos órgãos. Segundo dados do Center for Disease Control and Prevention (CDC) oito estudos observacionais forneceram dados sobre doenças viscerotrópicas. Esses estudos tiveram uma amostra de 437 milhões de doses distribuídas contra a VFA e destas 72 pessoas apresentaram doença viscerotrópica associada à vacina. Destes, apenas um apresentava doença viscerotrópica após receber dose de reforço da vacina.(3) Outros eventos adversos graves incluem reações de hipersensibilidade, doença neurológica aguda associada à VFA: encefalite, meningite, doenças autoimunes com envolvimento do sistema nervoso central e periférico. Foram descritos raros casos de encefalite pós-vacinal, na maioria das vezes em menores de 6 meses.(2)
Recomenda-se investigação detalhada antes da vacinação no idosos sobre o histórico de vacinação, fatores de risco e o estado de saúde do indivíduo que revele situações indicativas de postergar ou até mesmo a não vacinação. Portanto, para evitar eventos adversos o vacinador deve questionar o idoso em condições pré-existentes; uso de drogas imunossupressoras; eventos adversos em doses anteriores, especificando o tipo e tratamento; alergia a qualquer componente dos imunobiológicos inativado ou atenuado; alergia grave aos ovos.(4) Segundo o Guia de Vigilância em saúde as contraindicações da vacina contra a febre amarela são:(2)
• Crianças menores de 6 meses de idade.
• Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (gelatina bovina, ovo de galinha e seus derivados, por exemplo).
• Pacientes com alguma das condições abaixo:
infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com a contagem de células CD4 <200 células/mm3 ou menos de 15% do total de linfócitos para crianças menores de 6 anos;
em tratamento para imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores);
A VFA é a medida mais importante e eficaz para prevenção e controle da doença. É constituída por vírus vivos atenuados e apresenta eficácia acima de 95%. Os anticorpos protetores aparecem entre o 7º e o 10º dia após a aplicação da vacina, razão pela qual a imunização deve ocorrer 10 dias antes de se ingressar em área de transmissão.(2)Os meses de dezembro a maio são o período de maior número de casos de transmissão considerada possível em grande parte do Brasil,(5) o que reforça o incentivo a imunização. Com isso, se faz essencial o trabalho por parte da equipe de Atenção Básica que contribui na promoção e no fortalecimento de um ambiente favorável à implementação de todas as medidas de controle dessas doenças no país, resultado de seus quatro atributos essenciais: acessibilidade; integralidade; longitudinalidade; e coordenação do cuidado.É interessante discutir os novos protocolos e condutas promovendo a educação continuada entre os profissionais de saúde, bem como desenvolver ações de incentivo a vacinação em todas as faixas etárias.
SOF relacionadas:
1. Brasil. Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A vacina contra febre amarela é contra indicada em idosos? [on line] 2017. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/perguntas/vacina-febre-amarela-idoso/Acesso em 19 nov 2017
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde : [recurso eletrônico] / . – 1. ed. atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/agosto/25/GVS-online.pdf Acesso 19 no 2017
3. Staples JE, Bocchini JA Jr, Rubin L, Fischer M; Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Yellow Fever Vaccine Booster Doses: Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices, 2015. MMWR Morb Mortal Wkly Rep.2015 Jun 19;64(23):647-50. PubMed PMID: 26086636. Disponível em: https://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/mm6423a5.htm Acesso em 19 nov 2017
4. Linheira-Bisetto, LH, Ciosak SI, Cordeiro TLR, Boing MS. Adverse events following immunization of the elderly. Cogitare Enferm. [Internet]. 2016 21(4): 01-10. Disponível em: http://www.saude.ufpr.br/portal/revistacogitare/wp-content/uploads/sites/28/2016/12/45682-190058-1-PB.pdf Acesso em 26 nov 2017
5. Diário Catarinense. Vacinação contra febre amarela é incentivada em 162 cidades de SC, após registro de 12 casos em MG. [on line], 2017. Disponível em: http://dc.clicrbs.com.br/sc/estilo-de-vida/mosquito-nao/noticia/2017/01/vacina-contra-febre-amarela-e-incentivada-em-162-cidades-de-sc-apos-registro-de-12-casos-em-mg-9271569.html Acesso em 19 nov 2017