Em relação à higiene bucal do bebê, há questionamentos atuais sobre a necessidade de sua limpeza bucal antes do irrompimento dental. Alguns autores afirmam que a colonização da cavidade bucal pelo Streptococcus mutans, principal agente etiológico da cárie dentária, depende da presença de superfícies duras e não descamativas e, portanto, não é detectado em bebês antes da erupção dos dentes decíduos. Outros autores afirmam, porém que, a limpeza e a massagem da gengiva antes mesmo da irrupção do primeiro dente decíduo, favorece o estabelecimento de uma microbiota saudável e ajuda o processo de irrupção dos dentes em um meio ambiente limpo, sem resíduos alimentares e biofilmes, além de motivar a criança a ter bons hábitos de higiene1.
A Associação Brasileira de Odontopediatria preconiza que a higienização bucal do bebê deve ser iniciada após a erupção do primeiro dente. Nessa fase, o ideal é que a mãe já tenha sido orientada e preparada para realizá-la2.
Entretanto, no guia ‘Cadernos de Atenção Básica – Saúde Bucal’, do Ministério da Saúde, diz que a limpeza da cavidade bucal é normalmente iniciada antes mesmo da erupção dental, com utilização de tecido limpo ou gaze embebida em água filtrada 3.
É importante frisar, que se essa prática for adotada, os tecidos não devem ser manipulados de maneira excessiva (não friccionar demais) para não haver descamação e nem contaminação. A contaminação também pode ser causada se a água e/ou tecido utilizados para a limpeza não forem adequados.
A mãe deve ser orientada pelos profissionais de saúde sobre a importância da higiene bucal do recém-nascido antes da erupção dos primeiros dentes 1.
Assim que os primeiros dentes estiverem presentes na cavidade bucal, os pais já devem ter sido orientados para a introdução do uso da escova dental, que deve ser de cerdas macias e tamanho adequado à boca do bebê 2.
A recomendação do Ministério da Saúde (Guia de Recomendações para o Uso de Fluoretos no Brasil, 2009) é do uso de pequena quantidade de pasta de dentes infantil fluoretada, com concentração de flúor em torno de 1100 PPM. A Associação Brasileira de Odontopediatria recomenda o uso de pastas de dentes em bebês e crianças, que não sabem cuspir, na quantidade equivalente a um grão de arroz (0,1g); e, nos que sabem cuspir a quantidade equivalente a um grão de ervilha (0,3g) 2.
A higiene bucal deve constituir em um hábito diário, sendo os responsáveis conscientizados da importância da higienização do bebê, mesmo que este ainda não possua dentes. Quanto mais cedo for a manipulação da cavidade bucal dos bebês, mais receptivos estes serão, no futuro, em relação aos cuidados com sua saúde bucal4.
Atributos da APS
A assistência odontológica na primeira infância tem um papel fundamental na saúde bucal da população, devendo os pais, serem informados e instruídos a respeito dos cuidados necessários para prevenir doenças bucais, contribuindo, assim, para melhorar a qualidade de vida de seus filhos.
Os cuidados dispensados ás crianças nas diferentes idades e fases do desenvolvimento deve envolver aspectos relacionados à prevenção, diagnóstico e tratamento e ser de forma integral. Nesse contexto a educação em saúde possui papel fundamental na promoção e manutenção da saúde bucal infantil e o profissional de saúde, pode atuar como importante agente em educação em saúde estimulando o autocuidado do binômio mãe-filho. O programa de Saúde da Família é um importante espaço para as ações de educação em saúde que envolva as questões de saúde bucal e deve incluir a busca ativa de famílias que apresentam risco ao desenvolvimento de lesões cariosas em seus bebês.
Garantir que a primeira consulta odontológica do bebê seja realizada por volta dos 6 meses de idade, deve ser uma meta estabelecida pelos serviços de atenção a saúde e facilitada pelos profissionais de saúde a fim de promover saúde e prevenir doenças bucais.
SOF Relacionada:
1. Qual a orientação atualizada quanto ao uso de creme dental fluoretado para bebês (0 a 36 meses)?
1. Oliveira D F S, et al. Higiene Bucal de Bebês de 0 a 6 meses. Revista Científica do ITPAC, Volume 1. Número 1. Julho, 2008. Disponível em: http://www.itpac.br/arquivos/Revista/11/6.pdf
2. Associação Brasileira de Odontopediatria. Manual de referência para procedimentos clínicos em Odontopediatria. São Paulo: Associação Brasileira de Odontopediatria; 2009. Disponível em: http://www.abodontopediatria.org.br/manual1/
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde Bucal. Cadernos de Atenção Básica. ; 2006. Disponível em: http://cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/cadernos_de_aten%C3%A7%C3%A3o_b%C3%A1sica_sa%C3%BAde_bucal.pdf
4. Silva D D F, Ritter F, et al. Cuidados em saúde bucal na primeira infância: percepções e conhecimentos de pais ou responsáveis de crianças em um centro de saúde de Porto Alegre, RS. Rev. odonto ciênc. 2008. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fo/article/view/3534