Na perimenopausa, que pode ser definida como o período de tempo próximo da menopausa, as alterações hormonais tornam-se mais intensas, gerando um encurtamento ou alongamento dos ciclos, além daqueles considerados normais. A maior parte dos ciclos são anovulatórios, podendo gerar sangramentos irregulares. Essa irregularidade também está relacionada com o hiperestímulo estrogênico sem contraposição da progesterona, resultando em alterações endometriais. Nesta fase, uma vez que já não há produção da progesterona suficiente pelo corpo lúteo, pode ser necessária a complementação de progesterona cíclica, para evitar hemorragias, indesejáveis em qualquer período da vida das mulheres e indicativas de investigação endometrial. (1)
Assim, o tratamento da irregularidade menstrual devido a ciclos anovulatórios na perimenopausa, após exclusão de doença endometrial, costuma ser feito com acetato de medroxiprogesterona, 10mg, uma vez ao dia, do 14o ao 26o dias do ciclo (D) (2,3). Nos casos em que a mulher, no período pré-menopausa, (entendendo menopausa como a cessação da menstruação por 12 meses consecutivos), apresentar também sintomas vasomotores, pode-se associar estrogênio ao progestágeno (2), caso não haja contraindicação. Em muitos casos, a orientação sobre a irregularidade menstrual fazer parte do processo em que mulher se encontra e em havendo benignidade do quadro a medicação pode ser desnecessária.
Se sangramento aumentado, considerar iniciar contraceptivo oral na pré-menopausa, respeitando os critérios de elegibilidade. (4)
Algumas condições que podem impedir o uso de contraceptivos orais: tabagismo, enxaqueca, diabetes, HAS, historia de trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar, isquemia cardíaca, AVC, dislipidemias, câncer de mama, uso de anticonsulsivantes. (4)
O uso de contraceptivos hormonais (anticoncepcionais orais-ACO ou progestágenos isolados) para planejamento reprodutivo dificulta a identificação da menopausa; nestes casos, para avaliação do status hormonal, deve-se realizar pausa de sete dias do ACO para a realização da dosagem do FSH (Hormônio Folículo Estimulante). (4)
O acompanhamento longitudinal dos casos é um princípio da atenção primária em saúde, lembrando que a causa mais frequente de sangramento anormal é de origem funcional. Embora seja fundamental descartar as causas não fisiológicas: miometriais, como mioma e adenomiose, mais comuns no período reprodutivo e; endometriais, que por apresentarem uma curva ascendente com o avançar da idade, são mais frequentes após a menopausa.(2)