Agressividade, agitação ou psicose ocorrem na maioria das pessoas com demência em algum momento da doença. (1) O uso de medicações para o controle desses sintomas é bastante frequente, e existem diversos estudos que avaliam diferentes fármacos com essa finalidade. Infelizmente, os pacientes com demência estudados nos ensaios clínicos geralmente não representam a população de pacientes com demência.
Poucos ensaios clínicos são realizados na atenção primária e a maioria tem 6 meses ou menos de duração, comparando com uma doença de longa atividade, avaliando pacientes com demência leve a moderada. (2)
Uma revisão da Cochrane analisou o uso de antipsicóticos atípicos, como risperidona e olanzapina, em pacientes com diversos tipos de demência, incluindo Alzheimer, e concluiu que essas drogas são úteis em reduzir a agressividade, e risperidona reduz a psicose, mas ambas são associadas com eventos adversos cerebrovasculares graves e sintomas extra-piramidais.
Apesar da eficácia modesta, o aumento significativo dos efeitos adversos confirma que nem risperidona, nem olanzapina, devem ser usadas rotineiramente para tratar pacientes com agressividade ou psicose, a menos que haja muito sofrimento ou risco de dano físico àqueles que vivem com o paciente. Além disso, a revisão cita duas metanálises, uma delas do FDA, que demonstram o aumento de mortalidade pelo uso de antipsicóticos atípicos nesses pacientes. (1).
Um ensaio clínico randomizado avaliou o uso de carbamazepina para a agitação e a agressividade em pacientes institucionalizados com demência. Após 6 semanas, o estudo foi interrompido devido ao benefício apresentado pelo grupo da carbamazepina (redução de agitação medida através de escala).
A dose mais utilizada era de 300mg/dia, com um nível sérico médio de 5.3 µg/ml. Dos 51 pacientes, 2 tiveram efeitos adversos clinicamente importantes: tiques e ataxia. (3) Assim, a carbamazepina parece eficaz no tratamento a curto prazo da agressividade e da agitação em pacientes com demência. (2)
O uso de antipsicóticos típicos, como haloperidol, também é bastante estudado nessa situação. Uma revisão sistemática comparou o uso de haloperidol com placebo e encontrou redução na agressividade, mas não na agitação, em pacientes com vários tipos de demência. Seu uso esteve associado a aumento de sintomas extra-piramidais, o que levou a maior frequência de abandono de tratamento. (4).
Outra revisão sistemática com pacientes com demência encontrou uma evidência limitada de que haloperidol e risperidona foram similares em reduzir a agitação em 12 semanas, mas mais sintomas extra-piramidais com haloperidol. (5).
Dessa forma, o haloperidol também parece eficaz para reduzir a agressividade e a agitação em pacientes com demência, com a ressalva da incidência de efeitos adversos. (2)