Quais as vantagens e desvantagens do uso de tricresolformalina em relação ao formocresol?

| 24 agosto 2009 | ID: sofs-2590
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:

O formaldeído é um medicamento usado na prática odontológica desde o século XVIII. Ele foi um dos agentes medicamentosos mais usados na Odontologia, ao se tratar de terapêutica pulpar. Porém, apesar de apresentar alto índice de sucesso clínico e radiográfico, têm-se dado atenção especial para as propriedades tóxicas deste material. tricresol formalina e o formocresol são medicamentos à base de formaldeído, usados na prática endodôntica. Eles possuem a mesma composição química (formaldeído e cresol), porém apresentam, em suas formulações, concentrações diferentes de formalina: tricresol formalina em torno de 90% e formocresol, de 19 a 43%.
O tricresol formalina é usado como curativo de demora na câmara pulpar de dentes permanentes com necrose pulpar e lesão periapical. Este medicamento propicia a desinfecção do canal, dando condições para reparar as lesões periapicais. Ocorre também uma ação bactericida à distância, pela liberação de vapores do formaldeído O tricresol diminui as propriedades irritantes do formaldeído.
O formocresol é o medicamento mais comumente usado na terapia pulpar de dentes decíduos. Normalmente o formocresol é usado como medicação de escolha em pulpotomias, ou seja, o tratamento de dentes decíduos vitais com exposição pulpar por cárie. A ação bactericida do formocresol se dá junto aos microrganismos presentes nos canais radiculares.
Com base nas evidências científicas a respeito do formaldeído, sua ação e aplicações na Odontologia, pode-se concluir que os efeitos tóxicos locais e sistêmicos (mutagênicos/ carcinogênicos) colocam em dúvida sua viabilidade nos procedimentos odontológicos. Os antissépticos usados no interior do canal radicular, à base de formaldeído, como é o caso do tricresol formalina e do formocresol, são capazes de controlar a infecção de origem endodôntica, porém podem causar irritação ou destruição dos tecidos vivos. Por este motivo, havendo tamanha dificuldade de controlar a profundidade de ação do formaldeído, fica restrito seu uso na Odontologia.


Bibliografia Selecionada:

  1. Thomas MI, Gonçalves TS, Souza MAL, Schmitt VM. Formaldeído na odontologia: aspectos antimicrobianos, carcinogênicos e mutagênicos. Um estudo da sua viabilidade na clínica odontológica. Rev odonto ciência. 2006;21(54):387-91. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fo/article/viewFile/1207/965 Acesso em: 24 agosto 2009.
  2. Leonardo MR, Silva LAB. Medicação tópica entre-sessões,”curativo de demora” em biopulpectomia e necropulpectomia I e II. In: Leonardo MR, Leal JM. Endodontia: tratamento de canais radiculares. 3a ed. São Paulo: Panamericana; 1998. p. 491-534.
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  4. Siqueira Jr JF, Lopes HP. Endodontia: biologia e técnica. Rio de Janeiro: Medsi; 1999. p. 397-426.