A erva mate possui ação terapêutica comprovada cientificamente?

| 14 julho 2016 | ID: sofs-23854
Solicitante:
CIAP2: ,
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:

As propriedades terapêuticas da erva mate ainda não foram amplamente investigadas em estudos clínicos e sua eficácia necessita ser investigada a longo prazo.
Ilex paraguariensis, conhecida como erva mate possui diversas ações terapêuticas relatadas na literatura etnofarmacológica1. Dentre essas, as ações investigadas nos ensaios clínicos que correspondem a problemas prevalentes na Atenção Primária à Saúde destaca-se: a ação de um fitoterápico contendo erva mate para a perda de peso2 e o uso do infuso, na redução da hipercolesterolemia e controle do perfil glicêmico3,4,5,6.

 


Com relação a propriedade terapêutica da planta para perda de peso foi encontrado somente um estudo randomizado, controlado, duplo cego, que evidenciou que o fitoterápico que incluiu em sua composição o extrato de Ilex paraguariensis na forma de cápsulas, reduziu o peso dos participantes com excesso de peso ao longo de 45 dias de tratamento no contexto de cuidados primários à saúde2. Após a publicação desse trabalho, foi realizada uma revisão de literatura que abordou os efeitos benéficos da erva mate na obesidade, referindo que os estudos experimentais mostram que a mesma modula vias de sinalização que regulam as respostas adipogênicas, antioxidante, anti-inflamatórias e de sinalização de insulina3.
Outro estudo clínico demonstrou um aumento da capacidade antioxidante no soro e no sangue total e uma redução no colesterol- LDL em indivíduos com dislipidemia após a ingestão de 1L por dia de infuso de erva-mate, durante noventa dias, o que sugere que este é um suplemento dietético auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares em indivíduos que possuem uma dieta alimentar livre4. A mesma ação já foi descrita por outros autores anteriormente5,6. Klein et al (2011) relataram que o consumo do chá mate durante 60 dias melhorou o controle e perfil glicêmico de indivíduos com diabetes tipo 26. Pesquisas experimentais analisadas em revisão de literatura indicam que a erva-mate melhora a tolerância à glicose em animais obesos3.
O consumo de erva-mate tem sido associado à incidência de câncer de orofaringe e esôfago, no entanto, esta parece estar relacionada principalmente ao hábito de algumas pessoas de ingerir a bebida em temperaturas muito altas7. A temperatura ideal da água é de 70 a 80ºC8.
Ressalta-se que, para a redução do peso, da hipercolesterolemia e melhoria do controle glicêmico, é necessária a adoção de hábitos de vida saudável, principalmente exercícios físicos e dieta rica em fibras. Essas ações podem ser incentivadas na atenção primária à saúde por meio de grupos de promoção à saúde operacionalizando o princípio da orientação comunitária.

 

Bibliografia Selecionada:

  1. LORENZI, Harri ; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Plantarum, 2002.
  2.  ANDERSEN T; FOGH J. Weight loss and delayed gastric emptying following a south American herbal preparation in overweight patients. J. Hum. Nutr. Diet. 2001;14(3) : p.; 243–250. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11424516
  3.  GAMBERO, Alessandra;  RIBEIRO, Marcelo L. The positive effects of yerba maté (Ilex paraguariensis) in obesity. Nutrients. 2015: 7 : p. 730-750. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4344557/pdf/nutrients-07-00730.pdf>. Acesso em: 03 maio 2016.
  4. BOAVENTURA Brunna Cristina Bremer, et al. Association of mate tea (Ilex paraguariensis) intake and dietary intervention on oxidative stress biomarkers of dyslipidemic subjects. Nutrition. 2012: 28 (6), 657-664. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22578980
  5. MORAIS, Elayne C, et al. Consumption of yerba mate (Ilex paraguariensis) improves serum lipid parameters in healthy dyslipidemic subjects and provides an additional LDL-cholesterol reduction in individuals on statin therapy. Journal of Agricultural and Food Chemistry. 2009: 57 (18): p. 8316–8324. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19694438
  6. KLEIN, Graziela A, et al. Mate tea (Ilex paraguariensis) improves glycemic and lipid profiles of type 2 diabetes and pre-diabetes individuals: A pilot study. Journal of the American College of Nutrition. 2011: 30 (5):320-32. Disponível em: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/07315724.2011.10719975?journalCode=uacn20
  7. LORIA, Dora; BARRIOS, Enrique; ZANETTI, Roberto. Cancer and Yerba Mate consumption: a review of possible associations. J Panam Health Org, 2009: 25 (6) : p. 530-539. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v25n6/v25n6a10.pdf>. Acesso em: 03 maio 2016.
  8. FAGUNDES, Aldani, et al. Ilex Paraguariensis: composto bioativos e propriedades nutricionais na saúde. São Paulo : Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, 2015: 9 (53), p. 213-222. Disponível em: <http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/394/363>. Acesso em: 03 maio 2016.