As propriedades terapêuticas da erva mate ainda não foram amplamente investigadas em estudos clínicos e sua eficácia necessita ser investigada a longo prazo.
Ilex paraguariensis, conhecida como erva mate possui diversas ações terapêuticas relatadas na literatura etnofarmacológica1. Dentre essas, as ações investigadas nos ensaios clínicos que correspondem a problemas prevalentes na Atenção Primária à Saúde destaca-se: a ação de um fitoterápico contendo erva mate para a perda de peso2 e o uso do infuso, na redução da hipercolesterolemia e controle do perfil glicêmico3,4,5,6.
Com relação a propriedade terapêutica da planta para perda de peso foi encontrado somente um estudo randomizado, controlado, duplo cego, que evidenciou que o fitoterápico que incluiu em sua composição o extrato de Ilex paraguariensis na forma de cápsulas, reduziu o peso dos participantes com excesso de peso ao longo de 45 dias de tratamento no contexto de cuidados primários à saúde2. Após a publicação desse trabalho, foi realizada uma revisão de literatura que abordou os efeitos benéficos da erva mate na obesidade, referindo que os estudos experimentais mostram que a mesma modula vias de sinalização que regulam as respostas adipogênicas, antioxidante, anti-inflamatórias e de sinalização de insulina3.
Outro estudo clínico demonstrou um aumento da capacidade antioxidante no soro e no sangue total e uma redução no colesterol- LDL em indivíduos com dislipidemia após a ingestão de 1L por dia de infuso de erva-mate, durante noventa dias, o que sugere que este é um suplemento dietético auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares em indivíduos que possuem uma dieta alimentar livre4. A mesma ação já foi descrita por outros autores anteriormente5,6. Klein et al (2011) relataram que o consumo do chá mate durante 60 dias melhorou o controle e perfil glicêmico de indivíduos com diabetes tipo 26. Pesquisas experimentais analisadas em revisão de literatura indicam que a erva-mate melhora a tolerância à glicose em animais obesos3.
O consumo de erva-mate tem sido associado à incidência de câncer de orofaringe e esôfago, no entanto, esta parece estar relacionada principalmente ao hábito de algumas pessoas de ingerir a bebida em temperaturas muito altas7. A temperatura ideal da água é de 70 a 80ºC8.
Ressalta-se que, para a redução do peso, da hipercolesterolemia e melhoria do controle glicêmico, é necessária a adoção de hábitos de vida saudável, principalmente exercícios físicos e dieta rica em fibras. Essas ações podem ser incentivadas na atenção primária à saúde por meio de grupos de promoção à saúde operacionalizando o princípio da orientação comunitária.