Quais são as opções terapêuticas não medicamentosas para obesidade?

| 18 maio 2016 | ID: sofs-23634
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar, sendo que pode incluir intervenções não medicamentosas e medicamentosas. A mudança de estilo de vida é essencial, portanto o tratamento não medicamentoso deve estar associado a todos os tratamentos da obesidade¹ tais como: controle alimentar e atividade física, terapia cognitivo comportamental, grupos de educação em saúde, acupuntura e fitoterapia. Para isso, é fundamental que sejam elaboradas estratégias de manejo conjunto com o Núcleo de Atenção à Saúde da Família (NASF), que inclui educador físico, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista e outros profissionais.


Controle alimentar e atividade física: O sucesso do tratamento da obesidade depende fundamentalmente de mudança comportamental e da adesão a um plano alimentar saudável². A utilização de dietas radicais, com restrições excessivas de carboidratos ou gorduras, deve ser desencorajada, pois não são sustentáveis em longo prazo e resultam invariavelmente em abandono de tratamento². Também após o emagrecimento o acompanhamento dos indivíduos deve ser mantido com o objetivo de evitar o reganho de peso². Foi demonstrado que manter o índice de massa corpórea (IMC) abaixo de 25 kg/m² preveniu em 40 % o desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica (HAS) em mulheres, em um estudo com seguimento médio de 14 anos² (A-I).
Quanto à atividade física, o importante é escolher uma atividade física que o indivíduo goste para aumentar a adesão ao tratamento³. A recomendação inicial para os exercícios são de atividades leves e moderadas. Após o indivíduo estar adaptado, caso julgue confortável e não haja nenhuma contraindicação, deve passar a atividades mais vigorosas². (A-I). Além disso, hábitos sedentários, como assistir televisão e jogar vídeo game, contribuem para uma diminuição do gasto calórico diário4. Há estudos que relacionam o tempo gasto assistindo televisão e a prevalência de obesidade4. A taxa de obesidade em crianças que assistem menos de 1 hora diária de televisão é de 10%, enquanto o hábito de persistir por 3, 4, 5 ou mais horas por dia vendo televisão está associado a uma prevalência de cerca de 25%, 27% e 35%, respectivamente. A televisão ocupa horas vagas em que a criança poderia estar realizando outras atividades. Para isso as equipes da Atenção Primária devem elaborar, junto com o NASF, um plano terapêutico singular para os casos de pacientes com obesidade, principalmente os que apresentam maior dificuldade de controle e comorbidades.

Terapia cognitivo comportamental: Distúrbios psicológicos, tais como ansiedade e depressão estão presentes em parte dos obesos e interferem diretamente no ganho de peso e na dificuldade de adesão à terapêutica para perda de peso, sendo assim para esses paciente torna-se fundamental a terapia cognitivo-comportamental. Mesmo naqueles que não apresentam tais distúrbios psicológicos a terapia pode auxiliar modificando o entendimento sobre o hábito e a maneira de comer, o significado da comida, nas escolhas mais saudáveis e no uso da comida como uma fuga nos pacientes mais ansiosos¹. O tratamento comportamental aplicado em conjunto com técnicas cognitivas – chamada terapia cognitivo-comportamental – é uma das técnicas terapêuticas auxiliares para o controle de peso (D)¹. Baseia-se na análise e modificação de comportamentos disfuncionais associados ao estilo de vida do paciente. O objetivo é implementar estratégias que auxiliam no controle de peso, reforçar a motivação com relação ao tratamento e evitar a recaída e o consequente ganho de peso novamente¹. Um dos objetivos das técnicas comportamentais é que o paciente identifique os estímulos que antecedem o comportamento compulsivo, bem como situações que facilitam a não aderência ao tratamento e, consequentemente, seu insucesso¹. A terapia também trabalha para modificar o sistema de crenças dos pacientes, buscando identificar crenças falsas e reestruturando-as. Alguns exemplos de distorções cognitivas comuns em pacientes com excesso de peso¹:

Qual aspecto da terapia comportamental funciona melhor? Não há evidências de que qualquer estratégia comportamental seja superior a outra no sentido de gerar perda de peso (D)¹. Estratégias multimodais são mais efetivas (A)¹.

Grupos de educação em saúde: Os grupos apresentam algumas vantagens em relação à terapêutica individual, são elas¹: maior ocorrência de ensaios comportamentais; maior ocorrência de feedback propiciada por outros membros do grupo; maior experiência com situações-problema; maior suporte para a solução (D). A equipe da estratégia saúde da família (ESF) pode mobilizar a formação de grupos para fortalecer vínculos com os participantes e entre os participantes, no intuito de promover saúde. Pode-se, por exemplo, fazer troca de receitas, roda de conversa, caminhada, passeios em parques, dança, dentre outros. Estimulando ao máximo a formação de vínculos que sejam capazes de motivar os participantes4. Alguns relatos da literatura4 citam grupos realizados com pacientes e seus familiares. Sabemos que membros da mesma família estão expostos a hábitos culturais e dietéticos que acabam influenciando, sobremaneira, o ganho de massa corporal4. Assim, esses relatos mostraram bons resultados trazendo familiares para o grupo, pois a mudança comportamental necessária não envolvia somente o paciente obeso, mas toda a sua família.

Acupuntura: Sugere-se que o estímulo do ramo auricular do nervo vagal aumente o tônus do músculo liso do estômago, suprimindo o apetite¹. A maioria dos estudos com acupuntura, no tratamento da obesidade, é de curta duração, sendo que os estudos bem conduzidos não mostram efeitos positivos na redução de peso (B)(D)¹.

Fitoterapia: há um grupo de plantas que podem ser utilizadas como opção não medicamentosa para a obesidade e estão apresentadas na SOF:

 

 

 

 

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  1. A fitoterapia pode ser uma opção terapêutica para obesidade?

Bibliografia Selecionada:

  1. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Diretrizes Brasileira de Obesidade. 3 ed. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1.pdf>. Acesso em: 19 fev. de 2016.
  2. LOTEMBERG Ana Maria Pita et al. Tratamento Não Medicamentoso e Abordagem Multiprofissional. In: Diretrizes Brasileiras de Hipertensão VI (Org Malachias MVB). J Bras Nefrol. 2010; 32 ( Supl1): S22-S28. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbn/v32s1/v32s1a07.pdf>. Acesso em: 19 fev. de 2016.
  3. NONINO-BORGES, Carla B; BORGES, Ricardo M; SANTOS, José Ernesto dos. Tratamento clínico da obesidade. Medicina, Ribeirão Preto. 2006; 39 (2): 246-252. Disponível em: <http://revista.fmrp.usp.br/2006/vol39n2/10_tratamento_clinico_obesidade1.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2016.
  4. BAYER, Aline Attene de Almeida, et al. Intervenção Grupal em Pacientes com Obesidade e seus Familiares: Relato de Experiência. PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO. 2010;  30 (4): 868-881. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v30n4/v30n4a15.pdf> Acesso em: 09 maio 2016.

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