O Índice de Necessidade de Tratamento Odontológico (INTO) é um instrumento de Vigilância Epidemiológica utilizado com a finalidade de planejamento das ações de saúde bucal, subsidiando o agendamento para o atendimento individual e orientando a frequência da participação nos procedimentos coletivos, permitindo a organização do acesso aos serviços odontológicos com equidade1,2,3. É uma alternativa mais fácil e rápida ao Índice de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPOD), recomendado pela OMS para medir e comparar a experiência de cárie dentária em populações, pois a metodologia do CPOD dispende maior período de tempo para a calibração e coleta de dados4. Assim, metodologias mais simplificadas, como o INTO, que reduzam o tempo do exame e gerem racionalização de recursos são extremamente válidas, visto que os dados epidemiológicos são fundamentais para o planejamento e organização das ações em saúde bucal. Uma situação em que o INTO pode ser realizado é no Programa Saúde na Escola (PSE), já que a avaliação e promoção de saúde bucal é uma ação essencial do programa que tem como objetivo promover e avaliar o estado de saúde bucal e identificar os educandos com necessidade de cuidado em odontológico5,6. O INTO consiste em uma codificação na qual se classifica o indivíduo pelo número de necessidades odontológicas presentes.
São seis escores que variam de 0 a 5, sendo a ordem de priorização decrescente para encaminhamento para o tratamento clínico1,2 (quadro 1):
INTO | Índice de necessidades de tratamento odontológico |
0 | Sem nenhuma necessidade de restauração ou extração |
1 | De 1 a 3 necessidades de restauração ou extração |
2 | De 4 a 8 necessidades de restauração ou extração |
3 | Mais de 8 necessidades de restauração ou extração |
4 | Doença periodontal generalizada (adultos) |
5 | Necessidade de exodontias múltiplas (adultos) |
Quadro 1: escores do INTO. Fonte: Adaptado da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte¹.
O exame clínico com finalidade epidemiológica deve ser realizado em local bem iluminado e não requer o uso de instrumentais, apenas de espátulas de madeira para afastamento da mucosa, além de equipamentos de proteção individual: luvas, máscara, gorro, jaleco. Na ficha do exame clínico são registradas inicialmente as informações de identificação do indivíduo: nome, data de nascimento, endereço, escola e turma. Em seguida, são registradas as informações sobre a presença de lesões de cárie (sim/não e quantidade de dentes afetados), de necessidade de exodontia (sim/não e quantidade de dentes afetados), presença de sangramento gengival (sim/não), presença de cálculo supragengival (sim/não). Também podem ser registrados presença de lesões de mucosa, hábitos parafuncionais, problemas oclusais e outros agravos. Ao final, o indivíduo recebe a classificação do INTO de acordo com os escores apresentados anteriormente. Ações de promoção de saúde e prevenção de agravos são fundamentais para a atenção integral em saúde bucal. Além disso, o diagnóstico epidemiológico dá base para que o planejamento local em saúde, a programação das ações e definição da agenda contemple indivíduos com risco e necessidades identificadas, o que vai ao encontro do princípio de equidade do SUS e da Atenção Básica.