Os Dez passos para uma Alimentação Saudável para pessoas com diabetes (1) resumem as diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira e contemplam as recomendações das sociedades médicas baseadas em evidências científicas (1,3). São orientações gerais, práticas e importantes sobre alimentação, que o Agente Comunitário de Saúde pode utilizar não só com os pacientes diabéticos, mas também com toda a população que acompanha (2).
1º Passo: Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições! Oriente a pessoa a fazer todas as refeições, evitando passar longos períodos sem se alimentar. Assim, evita-se que o estômago fique vazio por muito tempo, fazendo com que a pessoa fique com muita fome e exagere na quantidade quando for comer. No entanto, alerte quanto a evitar “beliscar” entre as refeições. Isso vai ajudar no controle do peso. É importante orientar a pessoa a apreciar a refeição, comer devagar, mastigando bem os alimentos, e dar preferência aos alimentos saudáveis, típicos da região e disponíveis na comunidade.
2º Passo: Evite o consumo de alimentos ricos em açúcar, como doces, sorvetes, biscoitos recheados, sucos em pó e balas, preferindo as formulações diet (com muita moderação, pois os alimentos diet têm redução de açúcar, mas são ricos em gordura). Utilize adoçante em substituição ao açúcar, em quantidades moderadas! Desestimule o consumo de refrigerantes e de sucos industrializados; a maioria dessas bebidas contém corantes, aromatizantes, açúcar ou edulcorantes (adoçantes artificiais), que não são bons para a saúde.
3º Passo: Evite o consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos complexos como pães, bolos, biscoitos, arroz, macarrão, angu, mandioca, cará, batata e farinhas, preferindo os integrais. O ideal é consumir seis porções diárias (uma porção = 1 pão francês ou 2 fatias de pão de forma ou 4 colheres de sopa de arroz).
4º Passo: Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições. Legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras e devem estar presentes diariamente em todas as refeições, preferencialmente crus. Uma porção de verduras = 3 colheres de sopa; e de legumes = 2 colheres de sopa. Exemplos de legumes: cenoura, beterraba, abobrinha, abóbora, pepino, cebola etc. Exemplos de verduras: acelga, agrião, alface, almeirão etc.
5º passo: Consuma frutas diariamente. O ideal são três porções diárias (uma porção = 1 maçã média ou 1 banana ou 1 fatia média de mamão ou 1 laranja média). Para evitar o aumento da glicemia, prefira consumir as frutas acompanhadas com leite, aveia, linhaça, granola diet ou como sobremesa após as refeições, sendo preferencialmente com casca ou bagaço, por possuírem maiores quantidades de fibras.
6º passo: Evite consumir alimentos ricos em sal como embutidos (presunto, salame e salsicha), temperos prontos (caldos de carnes e de legumes) e alimentos industrializados (azeitonas, enlatados, salgadinhos, sopas e molhos prontos, miojo, biscoitos/bolachas, etc). Prefira temperos naturais. Use pouco sal para cozinhar. A quantidade de sal utilizada deve ser de, no máximo, uma colher de chá rasa por pessoa, distribuída em todas as refeições do dia. Deve-se orientar para o uso somente de sal iodado. O sal usado na ração de animais, principalmente na zona rural, não deve ser utilizado para consumo humano, pois é prejudicial à saúde. A leitura dos rótulos dos alimentos é importante e deve-se dar preferência àqueles com menor quantidade de sal. Para temperar e valorizar o sabor natural dos alimentos, oriente a utilização de temperos como cheiro verde, salsa, cebolinha, coentro, alho, cebola e ervas frescas e secas ou suco de frutas, como limão.
7º Passo: Diminua o consumo de alimentos ricos em gordura (frituras; carnes como pernil, picanha, maçã de peito, costela, asa de frango, linguiça, etc.; leite integral; queijos amarelos; salgados e manteiga). Prefira leite semi desnatado ou desnatado e carnes magras (músculo, acém, lombo etc).
8º Passo: Consuma peixe, assados e cozidos pelo menos, uma vez por semana. Oriente para que os peixes consumidos sejam frescos. Tanto os de água doce como salgada são saudáveis.
9º Passo: Reduza a quantidade de óleo utilizado na preparação dos alimentos e evite o uso da banha de porco. Prefira alimentos cozidos, assados ou grelhados. Oriente para o uso em pequenas quantidades de óleo vegetal quando cozinhar (canola, girassol, milho, algodão e soja), sem exagerar nas quantidades. Uma lata de óleo por mês é suficiente para uma família de quatro pessoas. Estimule o uso do azeite de oliva para temperar saladas, também sem exagerar na quantidade. Na hora da compra, oriente as pessoas a darem preferência às margarinas sem gordura trans (tipo de gordura que faz mal para saúde) ou a marcas com menores quantidades desse ingrediente (procure no rótulo essa informação).
10º Passo: Pratique atividade física regularmente, sob a supervisão de um profissional capacitado, mas realize um lanche 30 minutos antes para ter energia suficiente para realizar o exercício! Além da alimentação saudável, a atividade física é importante para manter um peso saudável. Estimular para que a pessoa descubra um tipo de atividade física agradável. O prazer é também fundamental para a saúde. Estimule-a a caminhar, a dançar, a fazer alguns exercícios leves. Aproveitar o espaço doméstico e espaços públicos próximos ao local de moradia para que se movimente. Incentive para que convidem os vizinhos e amigos para fazer atividade física, isso estimula as pessoas. Oriente, ainda, para evitar o fumo e o consumo frequente de bebida alcoólica.
COMPLEMENTAÇÃO
Diversos estudos comprovam que a atenção nutricional é importante na prevenção do diabetes mellitus e no retardo das complicações associadas à doença (1). Diante da relevância da alimentação no controle do diabetes (e também da hipertensão arterial sistêmica), foi criado este material para educação em saúde chamado Guia Alimentar para a População Brasileira – Dez Passos para uma Alimentação Saudável. O Guia é um dos instrumentos construídos a partir das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) e em consonância com os preceitos da Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (1).
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