O consumo do crack é maior que o da cocaína, pois é mais barato e seus efeitos duram menos. Por ser estimulante, ocasiona dependência física e, posteriormente, a morte por sua terrível ação sobre o sistema nervoso central e cardíaco.
Devido à sua ação sobre o sistema nervoso central, o crack gera aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental. Os efeitos psicológicos são euforia, sensação de poder e aumento da auto-estima.
A dependência se constitui em pouco tempo no organismo. Se inalado junto com o álcool, o crack aumenta o ritmo cardíaco e a pressão arterial o que pode levar a resultados letais.
Tratamento – Depende do estado de cada paciente. Vai do tratamento ambulatorial até a internação domiciliar ou em clínicas especializadas. A sua principal dificuldade, segundo os especialistas, é a “fissura”, a vontade que o usuário sente de usar a droga. A fase inicial é a mais difícil, e dura, geralmente, uma semana. O jovem só é considerado totalmente reabilitado depois de dois anos de abstinência.
Aspectos psico-educacionais, tanto sobre a cocaína, álcool e outras drogas, como sobre a própria dependência, devem sempre ser incluídos em qualquer modalidade terapêutica empregada. Este componente auxilia o paciente a compreender e aceitar a própria dependência.
Deve incluir aspectos farmacológicos, princípios básicos da doença, sinais de recaída e formas de preveni-las, as conseqüências bio-psicossociais da dependência, aspectos familiares, capacitação e co-dependência (p.ex. cônjuge do dependente). O envolvimento familiar é fundamental.
Outras medidas que costumam ser incluídas no processo são terapia individual e familiar, participação de grupos de auto-ajuda, busca de atividades alternativas ao consumo de substâncias psicoativas, cuidados médicos, nutricionais e dentários, análises toxicológicas, intervenção farmacológica prescrita por profissional afeito às características da dependência e tratamento em regime de internação (hospitalar e comunidades terapêuticas).
Quanto mais abrangente e completo o programa terapêutico, maior a chance de recuperação. A internação do dependente, ao contrário do que se acreditava antigamente, não é solução para todos os pacientes. Ao contrário, os estudos científicos realizados nas últimas décadas não comprovam nenhuma vantagem de um método hospitalar em relação a ambulatório para toda a população de dependentes que buscam, ou são levados para o tratamento.
Pelo contrário, a internação é melhor entendida como um método de promoção de abstinência, apenas uma parte da recuperação do indivíduo, devendo SEMPRE ser associada a seguimento ambulatorial posterior.
O tratamento em ambulatório, de fato apresenta algumas vantagens sobre a internação, por ser menos custoso (possibilita ao serviço o tratamento de um maior número de dependentes), causar menor interrupção na vida do indivíduo (muitos dependentes que procuram tratamento, por exemplo, continuam a manter atividades sociais e ocupacionais importantes, auxiliando na manutenção de toda sua família).
A internação carrega também um estigma social importante, que é delegado ao indivíduo. O dependente aceita mais fácil o tratamento ambulatorial e este modelo busca que o paciente lide com sua compulsão em seu “mundo real” (ao qual irá retornar muitas vezes despreparado após período de internação). Por outro lado, existem algumas indicações importantes de internação, apresentadas na tabela abaixo:
Indicações de internação para dependentes
Principais indicações de internação para dependentes
- Risco de suicídio, agressividade física importante, quadro psicótico
- Doenças médicas ou psiquiátricas associadas que indiquem internação (infarto de miocárdio, convulsões, etc.)
- Intensa disfunção de vida do dependente ou incapacidade de lidar com tarefas básicas de sua própria rotina (cuidados pessoais, alimentação, etc.)
- Dependência associada de substâncias que requerem tratamento hospitalar (abstinência de álcool ou opióides)
- Fracasso das tentativas de abordagem ambulatorial do dependente
A família necessita participar ativamente do tratamento e do processo de recuperação do dependente, como núcleo de suporte fundamental do indivíduo. Esta tarefa, porém, não é nada fácil, dados os prejuízos sofridos pelos familiares durante o curso da dependência do álcool e/ou drogas (agressões, furtos domésticos, doenças do paciente, etc.). Para tanto, paralelamente ao tratamento individual, uma intervenção terapêutica familiar é sempre aconselhável.
Intervenções familiares no tratamento da Dependência
1) MODELOS DE TERAPÊUTICA FAMILIAR: Orientação familiar
Nível de intervenção: Orientar os familiares da filosofia e abordagens do tratamento individual
Objetivos: Informar a família sobre o programa terapêutico e a inclusão do paciente e solicitar suporte familiar
2) MODELOS DE TERAPÊUTICA FAMILIAR: Grupos psico-educacionais de familiares
Nível de intervenção: Orientação sobre aspectos vivenciais (funcionamento familiar) com ênfase em aspectos do consumo e da dependência
Objetivos: Informar familiares se aspectos de relações pessoais e como estas são relevantes no abuso e dependência de substâncias
3) MODELOS DE TERAPÊUTICA FAMILIAR: Aconselhamento familiar
Nível de intervenção: Contrato de tratamento familiar com o objetivo de resolução de problemas familiares específicos identificados no tratamento do dependente.
Objetivos: Auxiliar na solução de problemas identificados pelos integrantes da família que sejam relacionados ao consumo de drogas e/ou álcool.
4) MODELOS DE TERAPÊUTICA FAMILIAR: Terapia familiar
Nível de intervenção:Contrato terapêutico com a família para intervenções com o objetivo de tratar disfunções crônicas e sistêmicas.
Objetivos: Abordar e procurar modificar áreas de comprometimento familiar (sistema), relacionando-as à dependência de substâncias psicoativas
5) MODELOS DE TERAPÊUTICA FAMILIAR: Al-Anon
Nível de intervenção: Grupo de auto-ajuda com enfoque familiar
Objetivos: Não é considerado tratamento, porém possibilita compartilhar experiências com outras famílias
A melhor abordagem do problema, apresentando também a melhor relação custo-benefício possível é a prevenção ao abuso de drogas. Prevenir significa desenvolver programas junto às comunidades (em geral), pesquisando as características próprias cada uma delas e, de acordo com suas particularidades, elaborar estratégias para evitar tanto o início do consumo como o caminho rumo aos transtornos decorrentes das substâncias psicoativas (abuso e dependência), incluindo da cocaína. Estes programas há muito já se fazem necessários para a efetiva abordagem do problema do consumo de drogas entre adolescentes que as crianças e adolescentes não devem ser largadas à própria sorte assim que saem do hospital, pois necessitam de acompanhamento permanente, extensivo a seus familiares.