O diagnóstico de nefrolitíase assintomática durante a gestação não requer medidas adicionais, apenas o seguimento do pré-natal normal. Contudo, quando ocorre cólica renal ou complicações decorrentes da nefrolitíase, medidas adicionais tornam-se necessárias. Nestes eventos, mais comuns nos últimos meses de gestação, há particularidades relacionadas ao quadro clínico, diagnóstico e tratamento específicos.
A ocorrência de nefrolitíase durante a gestação traz preocupações adicionas porque, além do sofrimento e riscos que pode trazer à gestante, aumenta significativamente do risco de amniorrexe prematura e trabalho de parto prematuro em 1,4 a 2,4 vezes (4,5,6). A cólica renal tipicamente ocorre quando há migração de um cálculo e obstrução em algum ponto do trato urinário. A dor não é causada pela presença do cálculo diretamente, mas decorre da distensão do trato urinário e da cápsula renal. A topografia frequentemente associada à obstrução neste contexto clínico é o ureter. Diante deste conjunto, deve-se, inicialmente, realizar medidas de suporte, incluindo uso de antieméticos, analgésicos e hidratação mínima. Deve-se selecionar as medicações levando em conta seu efeito, efeitos colaterais e segurança de uso durante a gestação. Após analgesia e compensação clínica da gestante com suspeita de cólica renal, deve-se estabelecer a estratégia terapêutica.
Tratamento medicamentoso – a ausência de infecção urinária associada à obstrução por cálculo; dor intratável a despeito das medidas clínicas e analgesia intensa; insuficiência renal aguda, em geral associada à obstrução bilateral ou em gestantes com rim único ou grande quantidade de contrações uterinas ocorrendo prematuramente.
Tratamento cirúrgico – cálculo ureteral associado a infecção urinária concomitante, insuficiência renal aguda ou dor intratável/recorrente.
Dentre as possibilidades de tratamento da nefrolitíase, a litotripsia extracorpórea por ondas de choque é contraindicada durante a gestação, devido ao risco de abortamento e descolamento de placenta.
Como alternativas terapêuticas, destacam-se: desobstrução da unidade renal através de implante de cateter ureteral tipo duplo jota; nefrostomia percutânea; ureteroscopia e tratamento definitivo do cálculo; e a cirurgia aberta/laparoscópica e a cirurgia renal percutânea que são raramente utilizadas e em situações de exceção.
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