Como diferenciar Dengue, Chikungunya e Zika?

| 5 fevereiro 2016 | ID: sofs-23221
Solicitante:
CIAP2:
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Nas fases inicias, dengue, chikungunya e zika podem ser muito parecidas, com algumas diferenças nos sintomas (conforme será explicado mais adiante). A diferenciação precisa entre as doenças só se faz de forma laboratorial, através da identificação do virus causador, que é diferente para cada uma delas.

As três doenças têm transmissão por meio da picada de mosquitos Aedes aegypti e apresentam sinais e sintomas semelhantes nas fases iniciais, conforme dito anteriormente.

Dengue
A infecção por dengue pode ser assintomática ou causar doença cujo espectro inclui desde formas pouco sintomáticas até quadros graves com hemorragia, podendo evoluir para o óbito. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C) de início súbito que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, manchas vermelhas e coceira na pele. Perda de peso, enjôos e vômitos são comuns. Nessa fase febril inicial da doença pode ser difícil diferenciá-la de outras doenças febris, tais como a febre de chikungunya e a zika ¹.

No período de diminuição ou desaparecimento da febre, geralmente entre o 3º e 7º dia da doença alguns casos irão evoluir para a recuperação e cura da doença, porém outros podem apresentar sinais de alarme (sangramentos em várias partes do corpo, queda da pressão arterial) evoluindo para forma graves da doença¹ .

Chikungunya
A febre de chikungunya é uma doença infecciosa febril, causada pelo vírus Chikungunya. A doença em fase aguda tem como principais sintomas: febre alta (acima de 39 graus) de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e pulsos. Podem ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Esta fase dura de 3-10 dias. Após os primeiros dez dias, a maioria dos pacientes sentirá uma melhora na saúde geral e na dor articular. Porém, após este período, uma recaída dos sinais pode ocorrer com o aparecimento de dores nas articulações novamente (fase subaguda). Se esse quadro articular persiste por mais de 3 meses, diz-se que a doença está em sua fase crônica (2-5).

Em chikungunya, hemorragia grave é raramente observada; o início é mais agudo e a duração da febre é muito mais curta, quando comparada com à dengue. Também em chikungunya, exantema maculopapular é mais frequente que na dengue. Embora as pessoas possam se queixar de dor corporal difusa, a dor é muito mais pronunciada e localizada nas articulações e tendões em chikungunya, quando comparadas à dengue (4,5).

Zika
A febre pelo vírus Zika é uma doença pouco conhecida e sua descrição está embasada em um número limitado de relatos de casos e investigações de surtos. Com base nessas publicações, os sinais e sintomas incluem exantema maculopapular de início agudo (manchas vermelhas na pele) e pode ser acompanhado de febre baixa, hiperemia conjuntival (olhos vermelhos) sem secreção e sem coceira, artralgia ou artrite (dores em articulações), dores musculares, dor de cabeça e dor nas costas. A doença é considerada benigna e autolimitada, com os sinais e sintomas durando, em média, 2 a 7 dias (6).

Os sinais e sintomas da febre pelo vírus Zika, em comparação aos de outras doenças exantemáticas (dengue, chikungunya e sarampo), apresentam mais exantema e hiperemia conjuntival.

A microcefalia relacionada ao vírus Zika é uma doença nova, que está sendo descrita pela primeira vez na história, com base no surto que está ocorrendo no Brasil nos últimos meses. Este surto caracteriza-se pela ocorrência de microcefalia com ou sem outras alterações no Sistema Nervoso Central em crianças cuja mãe tenha histórico de infecção pelo vírus Zika durante a gestação¹.


Diagnóstico
O diagnóstico de cada uma dessas doenças é suspeitado de acordo com os sinais e sintomas apresentados por paciente proveniente de região em que o vírus circula de forma contínua (chama-se diagnóstico por critério clínico-epidemiológico). A confirmação só pode ser obtida através da identificação sorológica por meio de um exame de sangue (diagnóstico por critério laboratorial) realizado em laboratórios de referência da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), solicitado de acordo com o julgamento do médico assistente.

É importante destacar que quando ocorre uma epidemia, não é indicada a confirmação de todos os casos suspeitos por exame laboratorial. A maior parte dos casos serão confirmados por critério clínico-epidemiológico¹.

Diante da inexistência de kits comerciais para realização de sorologia específica para Zika vírus no Brasil, como ocorre com a dengue, é importante destacar que, neste momento, as realizações dos diagnósticos clínico e diferencial com dengue e febre de chikungunya são as principais ações a serem adotadas. Os casos suspeitos de Zika devem ser tratados como dengue, devido à sua maior gravidade (7).

ATRIBUTOS APS –  Como são doenças transmitidas por mosquitos, é fundamental que as pessoas reforcem as medidas de eliminação dos criadouros das espécies. Elas são exatamente as mesmas para o controle da dengue, basicamente, não deixar acumular água em recipientes. Entre outras medidas, são muito efetivas: verificar se a caixa d´água está bem fechada; não acumular vasilhames no quintal; verificar se as calhas não estão entupidas; e colocar areia nos pratos dos vasos de planta (1,2,4).

Assegurar o acesso irrestrito dos usuários com suspeita de quaisquer das doenças mencionadas à Unidade de Saúde, é fundamental para orientá-los quanto aos cuidados que devem ser tomados em casa, os sinais de gravidade/manifestações de alerta (especialmente da dengue), a periodicidade de avaliação ambulatorial (de acordo com cada caso), bem como, enfatizar a importância da vigilância contínua do ambiente domiciliar e vizinhança a respeito de potenciais criadouros de mosquitos, conforme citado anteriormente.

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Bibliografia Selecionada:

  1. Ministério da Saúde. Portal da Saúde – 2015. Dengue: Perguntas e Respostas. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/perguntas-e-respostas-dengue
  2. Ministério da Saúde. Portal da Saúde – 2015. Chikungunya: Perguntas e Respostas. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/setembro/16/Perguntas-e-Respostas-sobre-Chikungunya.pdf
  3. Equipe NUTES Pernambuco. Segunda Opinião Formativa: O que pode ser abordado sobre a febre Chikungunya? 2015. Disponível em: http://aps.bvs.br/aps/o-que-pode-ser-abordado-sobre-a-febre-chikungunya/
  4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Preparação e resposta à introdução do vírus Chikungunya no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 100 p. : il. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/preparacao_resposta_virus_chikungunya_brasil.pdf
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Febre de chikungunya: manejo clínico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 28 p. : il. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/fevereiro/19/febre-de-chikungunya-manejo- clinico.pdf
  6. Ministério da Saúde. Portal da Saúde – 2015. Perguntas e respostas sobre o Zika vírus. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/maio/14/PERGUNTAS-E-RESPOSTAS-zika.pdf
  7. Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico. Volume 46. n°26 – 2015. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/agosto/26/2015-020-publica—-o.pdf

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