O diagnóstico de dengue deve ser pensado em termos de manifestações clínicas que levarão à suspeição do caso e após, confirmação laboratorial. A definição de caso suspeito engloba a presença de febre com duração máxima de 7 dias (presente na grande maioria dos pacientes, geralmente > 380C), acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas:
– Cefaleia
– Dor retro-orbitária
– Mialgia
– Artralgia
– Prostração
– Exantema
– Náuseas ou vômitos
Além desses sintomas, deve ter estado nos últimos quinze dias em área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença de Aedes aegypti. Por tratar-se de quadro clínico inespecífico, outras doenças devem ser lembradas e investigadas entre elas: malária, febre do chicungunya, doença causada pelo vírus Zika, leptospirose, doenças febris exantemáticas (rubéola, sarampo e escarlatina), febre amarela e meningococcemia.
O diagnóstico laboratorial da dengue pode ser feito por métodos sorológicos e virológicos, indicados em momentos distintos da doença. Os critérios de indicação e realização dos mesmos podem variar de acordo com a situação epidemiológica no local. Segue abaixo figura demostrando a dinâmica do aparecimento dos anticorpos na infecção pelo virus dengue para facilitar o entendimento do diagnostico laboratorial.
O método de escolha para diagnóstico de rotina da dengue é a sorologia. Anticorpos da classe IgM podem ser detectados à partir do sexto dia do início dos sintomas, embora em infecções secundárias (situação em que já houve uma infecção por outro sorotipo anteriormente) sua detecção possa ocorrer a partir do segundo ou terceiro dia, permanecendo em média por 90 dias. Esse período de positividade extenso pode interferir no diagnóstico de outras quadros infecciosos, como por exemplo, um paciente infectado de forma assintomática há mais de um mês, apresenta uma síndrome febril por outra causa e na investigação é solicitada sorologia de dengue.
Anticorpos da classe IgG podem ser detectados à partir do 90 dia na infecção primária e já estar detectável desde o primeiro dia nas infecções secundárias.
A indicação de realização de sorologia pode ser limitada, em determinada região, por determinado período, quando existir situação de epidemia.
Os métodos virológicos tem por objetivo identificar o patógeno e monitorar o sorotipo viral circulante. Devem ser coletados preferencialmente nos 3 primeiros dias, até o 50 dia após início dos sintomas. Consistem no isolamento viral, detecção do genoma viral e detecção de antígenos virais, métodos geralmente disponíveis nos laboratórios de referência estaduais e nacionais e de indicação definida pela Vigilância Epidemiológica. A indicação desses exames pode ser ampliada em períodos inter-epidêmicos.
O teste rápido para detecção do antígeno viral NS1, proteína não estrutural importante para a replicação viral, é positivo no período inicial da infecção. Tem como objetivo principal estabelecer o diagnóstico o mais rapidamente possível em pacientes com sinais de gravidade, para que as medidas de cuidado sejam prontamente instituídas. Deve ser realizado preferencialmente nos primeiros três dias do início dos sintomas. A presença do antígeno NS1 é indicativo de doença aguda e ativa, porém um resultado negativo, diante de um quadro suspeito de dengue, não exclui o diagnóstico.
Ressalte-se que a agilidade em reconhecer os casos suspeitos de dengue tem repercussões importantes tanto para a saúde do indivíduo quanto para a saúde coletiva. A identificação e acompanhamento diário de pessoas com risco de apresentar quadros mais graves, a detecção de sinais de alerta e a implementação oportuna da hidratação são fatores da assistência que podem determinar impacto favorável na evolução clínica dos pacientes. A atenção primária tem papel fundamental nesse contexto, como porta preferencial do sistema, desenvolvendo ações na promoção, prevenção e assistência, dentro das Unidades Básicas de Saúde, nos domicílios e demais espaços comunitários.
Resposta antígeno-anticorpo na infecção por dengue
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