Como fazer o acompanhamento da anticoagulação em paciente portador de fibrilação atrial com história prévia de AVC Isquêmico?

| 15 setembro 2015 | ID: sofs-21750
Solicitante:
CIAP2: ,
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:

Pacientes com Fibrilação Atrial (FA) e Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVC) prévio se beneficiam da terapia de anticoagulação oral na prevenção de novo evento isquêmico (grau de evidência A) 1. Apesar da população >75 anos ter maior incidência de eventos hemorrágicos com anticoagulação oral, esta população tem também risco aumentado para eventos tromboembólicos quando na presença de fibrilação atrial1.

O monitoramento da anticoagulação é realizado através do Tempo de Ativação de Protrombina(TAP). Para que ocorra padronização e o TAP possa ser comparável com qualquer laboratório do mundo, se expressa seu resultado na forma de RNI(Razão Normatizada Internacional) ou INR do inglês (International Normalized Ratio) que é a divisão do tempo do paciente sobre o tempo do plasma controle normal do laboratório, elevado ao ISI(Índice de Sensibilidade internacional) da tromboplastina utilizada2. Para se obter melhor resultado da anticoagulação, deve-se manter o RNI entre 2,0 e 3,01,3.

A frequência do monitoramento do RNI em pacientes em anticoagulação com warfarina deve ser inicialmente 02 vezes na semana, posteriormente a cada 02 ou 03 semanas e então mensal3,4. A decisão da frequência de monitoramento deve ter como base a estabilidade do RNI e manutenção de dose terapêutica eficaz. O manual da Associação Americana de Cardiologia permite considerar o monitoramento com intervalo de até 12 semanas em pacientes estáveis(definido como tendo pelo menos 03 meses de resultado consistente sem necessidade de ajustar dose de warfarina) 4.


A warfarina tem potencial de interagir com outras medicações, alimentos e algumas doenças. Nos pacientes em anticoagulação deve se estar atento a estas interações. Alimentos ricos em vitamina K, como os vegetais folhosos verde escuros, tem potencial de reverter o efeito anticoagulante da warfarina. Algumas doenças como diarreia, febre, hipertireoidismo e doença hepática podem potencializar o efeito da warfarina e ao contrário o hipotireoidismo pode diminuir efeito anticoagulação4.

Pacientes com FA e AVC isquêmico prévio devem fazer uso indefinido de anticoagulante oral3.

Bibliografia Selecionada:

  1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz de Fibrilação Atrial. Arq Bras Cardiologia, volume 81(suplemento VI), 2003.
  2. Clé DV, Garcia AA, Brunetta DM, Schwartzmann PV, Moriguti JC. Anticoagulação em pacientes hospitalizados. Medicina(Ribeirão Preto). 2010;: 43(2):107-17.
  3. Breuil AND, Umland ME. Outpatient Management of Anticoagulation Therapy. Am Fam Physician. 2007; 75:1031-42.
  4. Wigle W, Hein B. Updated Guidelines on Outpatient Anticoagulation. Am Fam Physician. 2013; 87(8):556-566.