O que um técnico de enfermagem precisa saber sobre a doença Ebola?

| 28 julho 2015 | ID: sofs-21578
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Recorte Temático:

Ebola é uma doença viral hemorrágica causada pelo vírus Ebola (DVE). É uma doença grave causada por infecção por um vírus da família Filoviridae, gênero Ebolavírus. Há cinco subespécies identificadas na família sendo que quatro têm causado doenças em humanos. O período de incubação é de 1 a 21 dias, em média 8 a 10 dias e o modo de transmissão ocorre de pessoa a pessoa por contato direto com sangue, tecidos e fluídos (fezes, vômitos, saliva, sêmen) infectados ou contato indireto com superfícies e objetos contaminados. A transmissão do vírus somente ocorre após o início dos sintomas. O Ebola não é uma doença de transmissão respiratória. O quadro clínico tem início súbito com febre alta, fraqueza intensa, dor de garganta, cefaleia, após alguns dias surgem vômitos e diarreia profusos, exantema, coagulopatia com trombocitopenia (queda de plaquetas), levando a hemorragias internas e externas. Em 3 a 5 dias, o quadro pode evoluir para insuficiência renal aguda, coagulação intravascular disseminada e falência de múltiplos órgãos, ocorrendo óbito em 8 a 9 dias. Os pacientes que sobrevivem além de 2 semanas apresentam melhor prognóstico. A doença causa morte em 60 a 90% dos casos. Infelizmente não há tratamento específico ou vacina disponíveis. As medidas utilizadas são de suporte vital, como suporte hemodinâmico; suporte nutricional; diálise; reposição de hemácias, plasma e plaquetas, suporte ventilatório e tratamento de infecções bacterianas secundárias (1,2).


Complementação

O vírus Ebola foi identificado pela primeira vez em 1976, no Zaire (atual República Democrática do Congo) e, desde então, tem produzido vários surtos no continente africano. Esse vírus foi transmitido para seres humanos que tiveram contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, morcegos-gigantes, antílopes e porcos espinhos. O contato direto com cadáveres, durante os rituais fúnebres, por exemplo, é uma das principais formas de transmissão da doença. Os funerais são práticas importantes nas comunidades afetadas por essa epidemia e  envolvem pessoas tocando e lavando o corpo, em demonstração de amor à pessoa falecida. Nas últimas horas antes da morte, o vírus se torna extremamente contagioso e, por isso, o risco de transmissão a partir do cadáver é muito maior. Com base nas evidências disponíveis e da natureza de vírus semelhantes, os pesquisadores acreditam que os morcegos são os hospedeiros naturais prováveis. Atualmente a Organização Mundial de Saúde tem chamado a atenção para a persistência de um surto de DVE em países da região ocidental da África que acomete Libéria, Guiné e Serra Leoa, sendo considerado o mais extenso e duradouro surto por Ebola já identificado no mundo, com mortalidade de 68%. Pelas características da transmissão do vírus Ebola, é considerada improvável uma disseminação para outros continentes. Entretanto, pode ocorrer a detecção, em qualquer país do mundo, de casos de viajantes provenientes de países com transmissão(1,2).

O Ebola é uma doença de notificação compulsória imediata. A notificação deve ser realizada pelo profissional de saúde ou pelo serviço que prestar o primeiro atendimento ao paciente, pelo meio mais rápido disponível, de acordo com a Portaria Nº 1.271, de 6 de junho de 2014 – (Lista Nacional de Notificação Compulsória.

Considera-se “Caso Suspeito”, todo indivíduo procedente, nos últimos 21 dias, de país com transmissão atual de Ebola (Libéria, Guiné e Serra Leoa) que apresente febre de início súbito, podendo ser acompanhada de sinais de hemorragia (diarreia sanguinolenta, hemorragia das gengivas, hemorragia na pele, na urina); ou todo indivíduo que relate contato com pessoa com suspeita ou diagnóstico de Ebola(1,2). Embora existam casos na Nigéria, todos são secundários a um caso proveniente da Libéria. No contexto atual, a Nigéria não é considerada como possível origem de casos que venham para o Brasil (2).

Os profissionais de saúde devem evitar qualquer contato, procedimento ou manipulação do indivíduo suspeito. Apenas o que for absolutamente essencial. O integrante da equipe que irá entrevistar e orientar o paciente até a chegada da equipe de remoção deverão paramentar-se com capote, luvas, máscara e óculos de proteção. Em caso de dúvidas ou notificação, entrar em contato imediatamente com a Secretaria Municipal ou Secretaria Estadual de Saúde ou, se houver dificuldade, entrar em contato com o Ministério da Saúde através do telefone: 0800-6446645 ou pelo e-mail: acoes.ebola@saude.gov.br (3).

Atributos APS – A organização e funcionamento da Unidade de Saúde deve incluir três aspectos: a garantia do acesso a todas as pessoas que procuram o serviço; o deslocamento do processo de trabalho, a partir do eixo médico para a equipe multiprofissional e de acolhimento; e a qualificação da relação entre profissional da equipe e paciente que deve abranger parâmetros humanitários, solidários e de cidadania.

Educação Permanente – Você sabia? O vírus Ebola foi identificado pela primeira vez em 1976 por uma equipe de pesquisadores da Bélgica quando investigavam um surto de febre hemorrágica na aldeia de Yambuku, onde atualmente é a República Democrática do Congo. Essa aldeia fica próximo ao rio Ebola, daí o seu nome.

SOF relacionadas:

  1. Qual a situação atual da epidemia do vírus Ebola e porque se estendeu temporal e geograficamente?
  2. Como se dá a transmissão e quais são as manifestações clínicas da doença pelo vírus Ebola?

 

Bibliografia Selecionada:

  1. Pernambuco. Secretaria Estadual de Saúde. Protocolo de Vigilância e Manejo de Casos Suspeitos de Doença pelo Vírus Ebola (DVE) – Versão 5 – atualização em 26 de agosto de 2014. Acesso em 28/julho/2015. Disponível em: http://portal.saude.pe.gov.br/sites/portal.saude.pe.gov.br/files/protocolo-de-vigilancia-ebola-26-08-versao-5-.pdf
  2. Governo de Santa Catarina. Secretaria de Estado da Saúde. Sistema Único de Saúde. Superintendência de Vigilância em Saúde. Diretoria de Vigilância Epidemiológica. Nota de Alerta nº 03: Doença pelo Vírus Ebola (Atualizada em 23/10/2014). Acesso em 28/julho/2015. Disponível em: http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/direcao/alertas/AlertaEbola23102014.pdf
  3. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Portal no Ministério da Saúde. Informativo e recomendações para profissionais de saúde sobre o Ebola. Acesso em 04/setembro/2014. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/dab/portaldab/noticias.php?conteudo=_&cod=1941