É papel de todos os profissionais da atenção primária à saúde, entre eles o Agente Comunitário de Saúde (ACS), identificar grupos, famílias ou indivíduos expostos a risco de violência doméstica.
Sendo assim, o ACS, em sua prática deve sempre estar atento a sinais que podem indicar a existência de algum tipo de violência doméstica, seja ela física, psicológica ou sexual.
Embora possa ocorrer em qualquer grupo populacional, mulheres (em especial com idade inferior a 35 anos; solteiras, divorciadas ou separadas; que fazem uso abusivo de álcool ou que têm parceiros que fazem; gestantes), crianças e idosos são os mais expostos.
O ACS deve estar atento a algumas pistas que podem indicar a existência de violência doméstica:
- lesões corporais não compatíveis com as explicações dadas e demora para buscar tratamento
- lesões corporais durante gestação
- início tardio do acompanhamento pré-natal
- visitas freqüentes à emergência e falta de acompanhamento continuado com um único profissional de saúde
- falta de aderência ao acompanhamento de saúde
- baixa auto-estima, cansaço excessivo, dor de cabeça freqüente, problemas de memória e concentração, medo intenso, insegurança, vergonha, culpa, insônia
- gravidez de adolescentes muito jovens
O melhor jeito de se detectar a violência é perguntando à vítima sobre o assunto. No entanto, alguns princípios devem ser seguidos pelo ACS para a detecção da violência:
- não ter medo de abordar o tema
- perguntar em espaço reservado e de modo empático
- criar um ambiente de apoio, sem emissão de julgamento de valor
- explicar que tudo o que será falado pela pessoa afetada será mantido em sigilo
- assegurar de que a informação obtida seja verdadeira
- assegurar de que qualquer ação só será realizada com o consentimento da pessoa
- manejar a situação com atenção especial se o paciente for degrupo vulnerável à violência: crianças, adolescentes grávidas, homens e mulheres com doença física ou mental incapacitante ou em desvantagem física, econômica ou cultural.
Se a violência doméstica fica caracterizada, o ACS deve levar o caso para discussão com seu supervisor de campo para que sejam tomadas as medidas cabíveis. O mesmo deve ser feito quando apesar da negativa, a suspeita permanece, uma vez que a equipe poderá definir estratégias para lidar com a suspeita.