Posso usar Bromocriptina para supressão a lactação em mulheres após aborto?

| 4 agosto 2008 | ID: sofs-139
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

Não foram encontrados Ensaios Clínicos Randomizados cujo objetivo fosse avaliar a supressão da lactação em pacientes em uso de Bromocriptina comparadas ao uso de outras drogas. Porém a literatura é vasta ao relatar diversos casos de eventos adversos do uso da Bromocriptina em puérperas.
A Bromocriptina foi muito utilizada para a supressão da lactação. No entanto, após relatos de episódios de hipertensão arterial, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral hemorrágico em puérperas, essa droga foi proscrita para tal fim.
De acordo com especialistas (Grau D), a supressão mecânica é o método mais simples e seguro para suprimir a lactação. Caso o período da amamentação deva ser suprimido abruptamente, sugere-se que a mulher evite a estimulação dos mamilos, evite a expressão mamária e use sutiãs confortáveis. Além disso, compressas de gelo e analgésicos podem ser úteis. Caso deseje que a supressão seja feita antes do inicio do período da amamentação as mesmas recomendações acima citadas devem ser seguidas. Haverá uma regressão gradual no período de 2 a 3 dias.
Alternativas medicamentosas como Cabergolina, que possui menos efeitos adversos, estão agora disponíveis, porém ressalta-se aqui a necessidade de monitorização dessas pacientes. A Cabergolina não deve ser utilizada em mulheres com hipertensão causada pela gravidez, por exemplo, pré-eclâmpsia ou hipertensão pós-parto. Doses de 1 mg administradas precocemente após o parto inibem a lactação completamente. Quando a lactação já está estabelecida, administra-se 0,25 mg duas vezes ao dia por 2 dias.
Existem ainda outras drogas capazes de suprimir a lactação, são elas: estrógenos, ergotamina, ergometrina, lisurida, levodopa, pseudo-efedrina, nicotina, bupropiona, diuréticos e testosterona.
Estudo recente duplo-cego randomizado demonstrou redução de 24% da produção média de leite em nutrizes em uso de pseudo-efedrina na dose de 60 mg de 6 em 6 horas quando comparada com placebo. Tal inibição supostamente se deve à redução dos níveis séricos de prolactina.
Ressalta-se a necessidade de mais estudos bem delineados para que se conclua qual o real benefício da utilização das drogas acima citadas.

 

 

 


Bibliografia Selecionada:

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