Como organizar rodas de conversa sobre plantas medicinais?

| 29 outubro 2014 | ID: sofs-13862
Solicitante:
CIAP2: ,
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

As rodas de conversa favorecem a troca de saber e identificação de plantas medicinais disponíveis nos quintais ou usadas concomitantemente como medicamento. Este espaço de reflexão torna-se importante tendo em vista que as espécies vegetais possuem princípios-ativos e pode interagir, causar reações adversas, apresentar toxicidade e∕ou serem contraindicadas (1). O encontro é organizado com duração de 1hora. Pode ser realizada em parceria com pastoral da saúde, associação de bairro, líderes de comunidade, escolas entre outros. São coordenadas por um profissional da equipe de saúde da família ou Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) com a participação dos ACS. Sugere-se que antes da realização do primeiro encontro a equipe realize um levantamento das plantas utilizada ou conhecida pela comunidade. Após este levantamento, escolhe-se a planta medicinal a ser estudada, coleta-se um exemplar na comunidade, realiza-se a identificação botânica (que pode ser realizada em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Horto didáticos e herbários de universidades ou Telessaúde), agenda-se o dia da primeira roda de conversa mediante um convite aos usuários feito pelos ACS durante as visitas domiciliares.
A roda de conversa inicia com o nome popular, pelo contato com a planta (cheirar, tocar, mascar) e a socialização das indicações e formas de uso popular. Posteriormente, o coordenador da roda realiza o registro das informações e compartilham as informações sobre aspectos botânicos, agronômicos, químicos, terapêuticos (ação farmacológica, contraindicação, efeitos adversos, forma de uso, precauções) das diferentes espécies chamadas pelo mesmo nome popular, bem como o nome científico da planta (3).
Esta aproximação recíproca entre profissionais e comunidade nas rodas de conversa permite alianças, a participação comunitária, a educação em saúde e os trabalhos em grupo. A planta medicinal, neste espaço, poderá ser uma ferramenta mediadora para educação popular e promoção de saúde. Uma conversa simples sobre o uso de plantas medicinais no contexto comunitário poderá favorecer a interação com o usuário. As rodas de conversas irão  estimular o usuário a se expressar, tirar dúvidas, relatar sobre o uso simultaneamente com outros recursos terapêuticos. Este clima de valorização e diálogo sobre os recursos e práticas autônomas e populares locais favorece a promoção e cuidado em saúde. Além disso, fortalece uma rede, um coletivo de pessoas, que trocam, conversam, interagem e se ajudam. Nesse meio, o princípio que orienta as relações pessoais é a reciprocidade (1,2).
Ao final do encontro, pode ser elaborado um boletim informativo visando socializar as informações populares e científicas compartilhadas na roda de conversa (4).


Levantamento de evidências científicas para a realização da roda de conversa sobre plantas medicinais (3):

A partir desta roda de conversa a equipe poderá organizar horta comunitárias, horto didáticos ou farmácias vivas seguindo as recomendações da Portaria 886 de 20 de março de 2010 (13) e a Resolução RDC 18 de 3 de março de 2013 (14). Este espaço educativo contribui para interação de saberes, promoção e cuidado em saúde no âmbito dos serviços (2,15).

SOF relacionadas:

  1. Quais as evidências para a recomendação da Cáscara Sagrada?
  2. Quais as evidências para o uso de Garra do Diabo na Atenção Primária à Saúde?
  3. Quais as evidências científicas para o uso do Guaco na Atenção Primária à Saúde?
  4. Quais as evidências clínicas para o uso de fitoterápicos a base de extrato de Unha de Gato na APS?
  5. Quais as evidências científicas para o uso da Espinheira Santa no tratamento de úlcera gástrica?
  6. Quais as evidências clínicas para a recomendação do fitoterápico de Alcachofra (Cynara scolymus L.) na APS?
  7. O que é fitoterapia e como o ACS pode trabalhar este tema na comunidade?

Bibliografia Selecionada:

  1. Campos GWDS. Um método para análise e cogestão de coletivos. São Paulo: Hucitec, 2007.147-150.
  2. Antonio GD; Tesser, CD e Moretti-Pires, RO. Contribuições das plantas medicinais para o cuidado e a promoção da saúde na atenção primária. Interface (Botucatu). 2013, 17 (46) : 615-633. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832013005000014. Acesso em: 29 out 2014.
  3. Rossato AE et al. (org.) Fitoterapia racional: aspectos taxonômicos, agroecológicos, etnobotânicos e terapêuticos, Florianópolis: DIOESC, 2012. p.15-40. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/bitstream/handle/1/1628/Fitoterapia%20Racional.pdf?sequence=2. Acesso em: 29 out 2014.
  4. Universidade Federal de Santa Catarina. Horto Didático do Hospital Universitário /UFSC Disponível em: http://www.hortomedicinaldohu.ufsc.br/sobreohorto.php. Acesso em: 29 out 2014.
  5. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI). Boletim de cultivo de plantas bioativas. Disponível em: http://cultivehortaorganica.blogspot.com.br/2011/02/cultivo-organico-de-plantas-bioativas_22.html. Acesso em: 29 out 2014.
  6. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Disponível em: http://www.campinas.spm.embrapa.br/plantasMedicinais/   Acesso em: 29 out 2014.
  7. Tropicos®. Disponível em: http://www.tropicos.org/Home.aspx. Acesso em: 29 out 2014.
  8. Reflora. Lista de espécies da Flora do Brasil. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/listaBrasil/PrincipalUC/PrincipalUC.do. Acesso em: 29 out 2014.
  9. Herbário Padre Dr. Raulino Reitz. Disponível em: http://inct.florabrasil.net/participantes/herbarios-curadores/cri-herbario-pe-dr-raulino-reitz-universidade-do-extremo-sul-catarinense/. Acesso em: 29 out 2014.
  10. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa n° 5 de 31 de março de 2010. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/instrucao05_31_03_10.pdf Acesso em: 29 out 2014.
  11. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC no 10, de 10 de março de 2010a. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ >. Acesso em: 29 out 2014.
  12. Centros de Informações Toxicológicas (CIT/SC). Disponível em: http://www.cit.sc.gov.br/site/ Acesso em: 29 out 2014.
  13. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 886 de 20 de março de 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt0886_20_04_2010.html. Acesso em: 29 out 2014.
  14. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC 18 de 3 de março de 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0018_03_04_2013.html. Acesso em: 29 out 2014.
  15. Antonio GD; Tesser CD, Moretti-Pires RO. Fitoterapia na Atenção Básica. Rev. Saúde Pública [online]. 2014, 48 (3): 541-553. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048004985. Acesso em: 29 out 2014.